Depressão é a pior doença que alguém poderá ter, acreditem em mim…!
Passava da pessoa mais inteligente, querida e fantástica do mundo à pior pessoa do mundo, com especial predileção em me agredir, ainda que apenas emocionalmente.
Com a rotina desenfreada entre filha pequena e o trabalho precário, vi-me obrigada a focar a atenção em mim quando a energia começou a falhar!
A depressão é caracterizada por um estado profundo de tristeza e desinteresse pela vida. Quando estamos deprimidos sentimos uma enorme tristeza que atravessa todas as áreas da nossa vida. E mesmo a mais pequena coisa pode tornar-se extremamente difícil de realizar. Sentimo-nos invadidos por um enorme cansaço e falta de energia persistentes. Esta doença é também na maior parte das vezes, acompanhada por uma perda ou aumento de apetite, alterações nos padrões de sono e diminuição do desejo sexual. É mais vezes um efeito de bola de neve, fazendo com que uma pessoa acredite que é inútil, incapaz, que não tem valor e tudo isso faz com que haja uma diminuição de autoestima. Por vezes surgem também, pensamentos negativos ligados ao suicídio.
Esta doença arrastou-se sobre mim silenciosamente, no inicio eu lutava contra pequenas coisas, que normalmente escolhemos ignorá-las.
Era como uma dor de cabeça que insistia em dizer que era temporária, que iria passar, que era apenas mais um dia mau. Mas não era, estava a ficar presa naquele estado mental e ia-me acostumando a colocar uma mascara social para ir sobrevivendo no meio da multidão. No entanto o problema não passava, era uma luta para me levantar a cada dia e cada vez mais difícil. Quando dei por mim já tinha batido no fundo, aos poucos fui afastando-me de amigos e família e às vezes isolava-me completamente deles e de tudo. Só o escuro e o silencio era a minha companhia perfeita. As pequenas coisas que antes me alegravam, eram apenas sem importância e até mesmo as tarefas mais simples tornaram-se dolorosas, cada vez mais sem motivação, tudo só me fazia sentir pior, via-me presa num circulo vicioso.
O processo de recuperação é bastante lento.
Da mesma forma que me fui desmoronando, tive que ter forças para me levantar e seguir a minha vida.
A Fluoxetina (tão conhecida como Prozac), não nos leva à cura, mas dá tempo para respirar, repensar e recomeçar.
Os médicos são os nossos traficantes, os farmacêuticos os nossos fornecedores pois é uma droga, tornamo-nos dependentes, viciados, dai chama-la de “pilula cor de rosa”.
A nossa personalidade fica emocionalmente afetada, ela mascara tudo à nossa volta, torna tudo diferente.
Quantas vezes decidi parar, largar o remédio. Quantas vezes prometi que seria capaz, mas ao fim de pouco tempo começava a sentir o chão a sair debaixo dos meus pés e o mundo a desmoronar-se na minha cabeça e como qualquer drogado, assim que tudo começa a cair agarra-se novamente ao “produto”.
Ao contrario de muitos, nunca, mas nunca mesmo pensei em suicídio, porque olho para os meus filhos e não merecem isso, merecem sim ver a mãe como um exemplo, uma guerreira.
Tomo até hoje 20mg/dia de fluoxetina pela manha em jejum, tal tratamento não tem duração estipulada, tenho que tomar por tempo indeterminado até que algo me faça sentir melhor e capaz de seguir sem o apoio da “moleta”, tendo que para isso, fazer o desmame inicialmente.